sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LUTA DE CLASSES


Quando o velho Marx escreveu sua teoria econômica - O CAPITAL, e identificou a luta de classes entre os detentores do capital e os que possuem a força de trabalho, talvez não imaginasse o quanto se estenderia além do econômico este conflito silencioso, incluindo o ideológico, o jurídico, o social, o ambiente, o religioso, o político, e até nos valores morais, por quanto tempo, e em que dimensões. Na sociedade originária não se possuía esta divisão do capital, nem depredação do ambiente, apenas das tarefas, mas com a propriedade privada dos meios de produção e o seu acúmulo crescente, é cada vez maior a divisão social entre ricos e pobres, não sendo pior, devido a certas políticas públicas compensatórias mantidas pelo Estado. Com o passar do tempo, a sociedade incorporou de tal maneira a ideologia dominante, atribuindo-se a riqueza como fruto do sucesso, da competência de acumular riquezas, em contrapartida, as mazelas produzidas pelo capitalismo, o “inexplicável” ficou a cargo dos desígnios de Deus, recorrendo às religiões, ou os livros de auto-ajuda para encontrar as respostas do porquê que você é pobre, “pobre de marré de si” e excluído da sorte. Este assunto é secular, trago ao presente apenas para demonstrar àqueles que acham que o tema é ultrapassado, quando permanece ativo e operante, afetando todo tipo das relações humanas, inclusive amorosas. Tempos felizes quando se namorava por amor e não pelo dinheiro, quando jogava futebol pelo esporte, quando para se eleger não precisa comprar votos, as sentenças eram a luz do Direito e não do interesse econômico, para ir pro céu, não precisava fazer consórcio nas igrejas, a riqueza era fruto da produção e não da especulação financeira. Não é de hoje que a economia é a base da sociedade, o “deus mercado” (lícito ou ilícito) passou a regular a vida das pessoas. Um deus que necessita para existir, como todos os demais, mas diferente do verdadeiro Deus, Esse, seu nome é utilizado numa espécie de armadilha, ou numa peça pregada pela “liberdade” assegurada nos ambientes democráticos, talvez para nos mostrar, que necessitamos agir com equilíbrio, afinal, o culto voraz à “deusa mercadoria”, filha dileta do todo poderoso “deus mercado”, lança-nos em direção ao pior de todos os fins. Consumir, consumir, e cada vez mais consumir é o que nos dita o poderoso onipresente “deus mercado”. Incita-nos ao consumo e com isso, nos mantém reféns, somos “caça e caçador”, “cachorro a correr atrás do próprio rabo”. Sem nos dar conta, apenas fazemos a engrenagem girar, e a utopia da liberdade que buscamos encontrar, no final de tudo, é só mais uma maneira de nos manter acreditando. O todo poderoso “deus mercado” se nutre de nossa mais absoluta falta de consciência e da nossa ignorância, sustentada na crença de que o “grande mercado”, uma vez fortalecido, também nos fortalecerá e nos levará ao paraíso. Ledo engano! O Projeto de Vida é de Deus-Pai Verdadeiro, do amor, da partilha, da união, não combina com o Projeto de Morte do “deus mercado”. A devastação e depredação da natureza e o atual aquecimento global afetam todos os países, não respeitando os limites nacionais, nem os níveis de riqueza, ou de pobreza. Os terremotos, tsunamis, inundações, furacões, desertificação, enxurradas estão cada vez mais freqüentes. A solução deve nascer da colaboração de todos, de forma diferenciada: Os ricos, por serem mais responsáveis no passado e no presente, devem contribuir muito mais com investimentos e com a transferência de tecnologias, e quanto aos pobres, estes têm o direito a um desenvolvimento ecologicamente sustentável que os tire da miséria. Soluções existem, mas esbarram na dificuldade da sociedade de mudar estilos de vida e hábitos de consumo.


Aldo Dolberth

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