terça-feira, 25 de outubro de 2011

DIRIGENTES DE RÁDIOS COMUNITÁRIAS EM BRASILIA!

Nos dias 18 e 19 de outubro, vários dirigentes de Rádios Comunitárias do Brasil, estiveram em Brasilia-DF, para audiências com os ministros de Estado das Comunicações, Casa Civil, Relações Institucionais, Secretaria Geral da Presidência da República, Presidentes do Senado e Câmara Federal, diversos parlamentares, para debaterem sobre a alteração da Lei 9.612/98 e nova regulamentação que trata do serviço comunitário de radiodifusão. Com uma pauta extensa de reivindicações proposta pela ABRAÇO - Associação Brasileira das Rádios Comunitárias, desde aumento de potência, mudança no conceito de apoio cultural, isenção da taxa do ECAD, sustentabilidade econômica, ampliação de canais no dial, atuação em redes e outras, as autoridades da República receberam em audiências os dirigentes e se comprometeram a fazerem estudo técnicos e jurídicos para dar respostas objetivas para a próxima rodada de discussões, já agendadas para os dias 08 e 09 de novembro.

Na foto dentro do Gabinete do Ministério das Relações Institucionais, João Carlos Santin - Coordenador Jurídico da Abraço; Ideli Salvatti - Ministra das Relações Institucionais; Inês Fortes - Presidente da Abraço/SC e Aldo Dolberth - Diretor da Rádio Maria Rosa-FM.


CORRUPÇÃO E CAPITALISMO


A corrupção tem sido tema recorrente dos noticiários da grande mídia. Todos os veículos se esforçam para fazer crer que realmente combatem essa chaga que se espalhou pela sociedade e setores conservadores da política brasileira tentam pegar carona como se fossem os paladinos da ética e da moralidade. Seria cômico se não fosse trágico. Assim como os corruptos e os corruptores, o quarto poder (imprensa) é uma das peças dessa engrenagem que movimentam a corrupção em nosso país. A corrupção é endêmica ao capitalismo, um não vive sem o outro. E como os donos da grande mídia não propõem uma ruptura com o sistema capitalista, conclui-se que o discurso propagandeado em defesa da ética é falso, oco e vazio. Por isso, o discurso dos comentaristas e o noticiário em geral têm sempre um enfoque moralista, conservador e não revela o que, de fato, está por trás e motiva a corrupção. Se observarmos apenas a revista Veja, por exemplo, que se coloca como instrumento de combate a corrupção, porém não divulga sua relação promiscua e o quanto tem faturado com o grupo da Editora Abril junto ao governo de São Paulo com publicações didáticas e a pressão para direcionar editais do governo federal para publicar livros didáticos, que envolvem milhões para a garantia da sobrevivência dos seus negócios, podemos concluir que o objetivo de muitos veículos de comunicação não é o de eliminar a corrupção, mas enfraquecer governos para eleger outros com maiores acessos aos milhões de reais das verbas publicitárias e publicações governamentais. A esquerda tem histórico para levantar a bandeira do combate à corrupção, elevar o Estado brasileiro na categoria de verdadeiramente Republicano e garantir a maior transparência, por diversos meios e garantir a participação da sociedade organizada. O velho Marx já afirmava que a corrupção, o crime, e se fosse hoje diria a destruição ao meio ambiente, são inseparáveis do capitalismo. Denunciar, combater os efeitos e eliminar as causas é necessário entender as raízes da corrupção. Não dá para combater a chama sem combater o circuito que gera a faísca. Uma das causas da corrupção é o sistema político brasileiro, cuja marca é a privatização do espaço público. A corrupção é um fenômeno essencialmente político, e não moral ou cultural, como as elites e a mídia proclamam. Advém de estruturas de poder que se formam na relação entre Estado e sociedade. A direita histórica e mantenedora das estruturas do Estado capitalista denuncia a corrupção apenas para recuperar o poder político, não para eliminar este mal que persiste na sociedade. É uma atitude que mistura oportunismo, demagogia e hipocrisia. Como diz o velho ditado popular, “a oportunidade faz o ladrão”, existiria ambiente mais favorável à corrupção que o capitalismo? Modelo estruturalmente baseado na apropriação privada das riquezas produzidas coletivamente. A maior constatação da afirmação que a direita denuncia a corrupção apenas para querer voltar ao poder e não para acabá-la é a proposta de financiamento público das campanhas eleitorais e partidos, totalmente rechaçada pela direita, o que possibilitaria maior transparência, democratização, inclusive da mídia, mas insistem em deixar tudo como está, fazendo muita pressão para retirar esta proposta de reforma política. O ambiente para esta discussão é promissor diante do aumento da corrupção e da decadência do capitalismo no mundo.
                                                                                                                                              Aldo Dolberth