sábado, 5 de junho de 2010

IRRESPONSABILIDADE DOS NOSSOS GESTORES MUNICIPAIS


Econ. Antonio Carlos Popinhaki

É com grande repugnância que escrevo estas palavras em prol das muitas árvores que foram derribadas por pessoas irresponsáveis ao longo dos anos na região serrana. Mais especificamente no que compreende o território do município de Curitibanos. Deixo bem claro que não se trata apenas do que sobrou geograficamente, após o desmembramento dos municípios de Frei Rogério, São Cristovão do Sul, Ponte Alta do Norte.
Falo de acontecimentos que para a maioria dos nossos jovens, é totalmente ignorado. Nas escolas não são ensinados sobre estas barbáries. Os responsáveis foram na maioria, homens gananciosos, avarentos e mal educados, para não dizer grosseiros. Muitos semi-analfabetos, totalmente ignorantes quanto ao letramento. Fizeram das florestas que aqui existiam apenas alguns lapsos nas nossas memórias. Cada vez mais distantes, enquanto avançamos no tempo.
Ainda lembro bem, as inúmeras serrarias que dizimavam as enormes araucárias que se faziam presentes na região. Muitos destes antigos madeireiros acabaram na miséria, falidos. Outros morreram agonizando, como se estivessem pagando por seus enormes pecados contra a natureza.
Curitibanos chegou a ter 300 serrarias estabelecidas em todo o seu território, nas primeiras décadas do século XX. Quando eu era criança ainda, nos anos 70, existia serraria em todos os bairros da cidade. Em alguns, existiam várias destruidoras de florestas no mesmo bairro. Havia um cheiro de pinheiro inconfundível na cidade. Quem não era do local, quando aqui chegava, surpreendia-se com o odor. Eu mesmo fiquei fora de Curitibanos certa ocasião por um bom tempo. Quando aqui retornei, senti o cheiro proveniente do processamento de toras de araucária, nas diversas serrarias. O cheiro era aprazível na época, não o considerava ruim. Mas olhando de outro ângulo hoje, chego a dizer que, infelizmente, era uma espécie de poluição, causada pelos fungos e a decomposição da matéria orgânica, especialmente os grandes depósitos de serragem existentes em todos os bairros da cidade.
Fico ainda hoje horrorizado pela grande devastação causada por inescrupulosos homens na natureza. Não foram somente árvores da espécie araucária angustifólia que foram abatidas. As outras espécies, como canela, imbuia, cedro, também pagaram um alto preço pela ignorância e ganância destes homens maus.
Imaginem se fossem preservadas estas imensas florestas. Como o município de Curitibanos poderia ser beneficiado com o turismo atualmente. Pessoas de todos os cantos se deslocariam para cá. Hospedar-se-iam em nossos hotéis por semanas, em excursões. Casais em viagens de lua de mel alugariam chalés sob as imensas florestas, construídos especialmente para a fuga do stress das grandes cidades, com toda infra-estrutura necessária. Biólogos, Botânicos e outros pesquisadores, fariam morada em nossas florestas.
Mas, isso, infelizmente, não é possível. Fala-se tanto em turismo rural na nossa região. Mas os descendentes destes mesmos homens gananciosos de outrora, cometem as mesmas barbáries, destruindo o que ainda resta de nossas árvores.
Não é de hoje que os nossos gestores têm o mau hábito de degenerarem as poucas árvores que ainda restam em nosso perímetro urbano. Destroem sem dó, nem piedade. Fizeram isso com algumas árvores memoráveis na Praça da Igreja Matriz. No Bairro do Bosque, na Praça John F. Kennedy. Na Avenida Frei Rogério.
Tinha um imenso Ipê roxo na frente do Besc anos atrás. Fazia uma sombra impar na primavera e verão. Hoje só resta lembrança.
Na frente de minha casa havia uma árvore muito linda. Certo dia, quando cheguei do trabalho, no final da tarde, qual foi minha surpresa? Homens da Prefeitura Municipal de Curitibanos derrubaram a árvore. Não estava incomodando ninguém. Se incomodasse, seria a mim e a ninguém mais, pois estava em frente à minha residência. Nem fios de energia elétrica tinham ali para usarem como argumento sórdido.
Não adianta reclamar. Isso só vai parar quando estes mesmos vilões forem convencidos por bem ou por mal de tamanha burrice que estão cometendo. Por bem, se alguém puder colocar nas suas cabeças ocas ensinamentos sobre a preservação do meio ambiente, ecologia, etc. Por mal, quando se conscientizarem que a maioria das pessoas que agem assim, tendem a ter um triste fim, como uma espécie de vingança da natureza. Muitos dos antigos vilões da natureza morreram na míngua. Os seus descendentes também não têm muito do que se vangloriar hoje em dia. Quero dizer que a floresta foi derrubada em vão. Nunca houve progresso econômico para o município resultante de extrativismo, nem tampouco para os cofres das famílias envolvidas.
Que os gestores municipais, Prefeito, secretários e encarregados, atentem para os clamores de muitos daqueles que os elegeram. Destruir a natureza tira votos nas próximas eleições. Eu mesmo sou um que não voto em destruidor da natureza.