quarta-feira, 9 de junho de 2010

Babilônia Presente

 Sebastião Luiz Alves

               Que droga de cidade é essa, onde todos cantam um hino virtual, sem ao menos saber ou ter consciência o que estão dizendo?

               Que droga de cidade é essa, onde é constante a romaria de governantes ociosos que desfilam um carnaval de desculpas medíocres, justificando toda realidade à frente. Mas de veras, são os principais culpados por toda injustiça social, deixam o povo sem opção e nenhuma esperança. No entanto têm a demagogia e coragem em cantar um hino que se diz: Minha terra que Deus te proteja, trilhas vitoriosa jornada, terás sempre justiça, paz e amor!

               Que droga de cidade é essa, onde são rotina e realidade nua e crua encontrar nas ruas crianças seminuas, revirando lixeiras e o lixão público, chorando de fome e frio?

               Que droga de cidade é essa, onde pais de família, até mesmos jovens e crianças são obrigados a roubar para matar a fome?

               Que droga de cidade é essa, onde as adolescentes se prostituem nas ruas e avenidas do centro e bairros, panorama próprio de uma nova Babilônia perdida?

               Que droga de cidade é essa, onde crianças e jovens se entregam ao mundo das drogas, como solução de seus problemas e uma alternativa diante da dura realidade social, e o mais grave, a família e a justiça se calam diante de tudo isso?

               Que droga de cidade é essa, onde o desemprego é um fantasma que apavora diariamente a população, domina suas vidas e os entregam a uma rotina miserável?

               Que droga de cidade é essa, onde o governo não quer saber da opinião da população, remenda leis subversivas e direitos corruptos?

               Que droga de cidade é essa, onde a justiça possui uma constituição ultrapassada e leis ociosas, pode ser superada com bons advogados, nesse caso é somente válida para os ricos?

               Que droga de cidade é essa, onde o governo demite os funcionários da oposição e desafetos e emprega quase o dobro, e ainda tem a cara de pau em dizer que esta saneando o déficit público?

               Que droga de cidade é essa, onde o governo prefere asfaltar avenidas, modernizar praças, embelezar as ruas do centro invés de matar a fome da população carente, ou pelo menos dar um emprego decente?

               Que droga de cidade é essa, que fabricou tantos governantes hipócritas, burgueses ociosos que entoam um hino onde diz: Tens cultura incomparável, na criança suave poema, o teu passado é venerável, minha terra, avante é o meu lema. Será que no passado, o contexto do contestado e o presente é digno de glórias?

               Que droga de cidade é essa, que constrói um aeroporto de médio porte para pousar uns poucos aviões no mês, enquanto o restante do tempo serve como pista de urubu. Constrói uma nova rodoviária, podendo recuperar a antiga. Enquanto existe a falta de quase duas mil moradias para classe carente?

               E no dia onze de junho, vamos comemorar o que? Talvez a fome! Ou quem sabe o desemprego! Talvez a miséria! Ou quem sabe a injustiça social! Talvez o caos das drogas e pirataria! Ou quem sabe a prostituição infantil! A falta de saneamento básico! É uma Torre de Babel... Uma Babilônia!

               E com tudo isso ainda se tem coragem em dizer que no dia onze de junho se comemora a emancipação de nosso município, se comemora a liberdade da cidade.

               Será que somos dignos de entoar o hino de nossa cidade? Ou dizer que somos livres?

               Mas apesar dos governantes serem os principais culpados. Nós, todos nós, temos uma parcela de culpa! Precisamos nos organizar, lutar por nossos direitos, saber em quem votar, e não só reclamar e sentados na ociosidade ou tomar nenhuma atitude.

               Não!... Não devemos parar de cantar o hino de nossa cidade, devemos nos conscientizar e fazer a nossa  parte. Nós, cada um de nós, começando por você, que talvez, por curiosidade começou a ler essa crônica e desabafo.